O caos nosso de cada dia de chuva
CIDADE PARADA Duas horas de temporal alagam ruas, causando acidentes e engarrafamentosUma das características da região Norte é o tempo chuvoso. Apesar disso, Belém continua despreparada para enfrentar as mudanças climáticas. Basta uma chuva mais intensa para que a cidade fique paralisada pelos alagamentos. As condições naturais são agravadas pelo comportamento da população, que atira lixo nas ruas, entupindo bueiros e canais, e também pela falta de infra-estrutura da cidade. Foi assim com a chuva do começo da tarde de ontem, cujos reflexos duraram até a noite, quando voltou a chover sobre Belém. Mais uma vez, várias ruas ficaram intrafegáveis causando um transtorno que se repete sempre nesta época do ano.
O eletricista João Freire teve que enfrentar mais de quatro horas de espera, em um posto de gasolina na avenida Alcindo Cacela. “Tinha que terminar um serviço hoje. A casa fica a menos de 200 metros, mas não tenho como chegar lá”, comentou o eletricista, que estava ilhado, esperando as águas baixarem. “Nunca vi uma chuva como essa”, admirou-se. Assim como ele, várias pessoas disputavam abrigos enquanto esperavam as ruas secarem.
Ao longo da avenida, havia um longo e barulhento congestionamento de veículos. Sem fiscalização, motoristas não respeitavam o semáforo e avançavam nos cruzamentos, mesmo com o sinal vermelho, piorando ainda mais o trânsito. “Sempre que chove isso acontece. A cidade pára e ninguém faz nada para melhorar”, reclamava o motorista de táxi Paulo Fonseca.
Por volta de 17h, apenas um agente da Companhia de Transportes de Belém (CTBel) foi visto. Ele estava no cruzamento da Alcindo Cacela com a Magalhães Barata, ou seja, a três quarteirões de distância da área de alagamento e, por conseguinte, do perímetro mais caótico do trânsito.
Quem tentava ir para o centro e quis fugir dos engarrafamentos das avenidas Conselheiro Furtado e Mundurucus usando vias transversais, teve que voltar. É que o canal da travessa 14 de Março transbordou e poucos carros conseguiram passar pelas ruas próximas. Os motoristas que tentaram tiveram problemas. “Pensei que conseguiria, mas o carro pifou mesmo e está tudo molhado dentro”, afirmou o professor Arlindo Souza.
Protesto fecha Conselheiro FurtadoUm protesto de moradores do bairro da Cremação parou o trânsito na avenida Conselheiro Furtado, entre 14 Março e Alcindo Cacela, durante uma hora, com queima de pedaços de madeira e um sofá que teria sido destruído pela chuva. Eduardo Bruno, que mora no bairro há 23 anos, diz que os moradores fazem coleta para a limpeza da rua e dos bueiros que estão entupidos. “Queremos manutenção dos esgotos, a melhoria dessa área”, reivindica o morador.
No canal da travessa Três de Maio, que também transbordou, alagando parte da José Malcher, inundando casas e lojas e fazendo com que os carros ficassem parados no meio da pista. Alzenir Costa, 74, que mora há 45 anos próximo ao canal, afirmou que a última limpeza foi feita há um ano. “Já sofri muito com essa situação, os próprios moradores consertam as barreiras do canal. Sem contar as doenças que podemos ‘pegar’ através da água do canal”, desabafa a moradora.
Luís Almeida, funcionário de uma funenária localizada na avenida José Malcher, comentou que havia algum tempo que a via não era alagada daquele jeito. “Isso causa prejuízos e ainda queima alguns equipamentos”, ressalta. Com a chuva forte, um caixão foi levado pela água para o meio da pista.
Sesan diz que maré alta complicouA Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) informou que a chuva que atingiu Belém e que se estendeu por mais de duas horas, na tarde de ontem, coincidiu com a maré alta, que demora aproximadamente 1h40 para começar a vazar. O grande volume de água atingiu várias bacias e dificultou o trânsito e a vida da população nos pontos críticos de alagamento.
A Sesan afirma ainda que está intensificando suas ações nos períodos mais críticos, quando as chuvas ganham mais intensidade, coincidindo com marés de mais de 3m de altura. “Vários canais são escavados mecanicamente para aumentar os leitos que ficam assoreados e, além disso, recebem limpeza manual”, diz uma nota do órgão.
Neste final de semana, os canais Caraparu, Tucunduba, Mundurucus, São Joaquim e do Galo receberão os técnicos da secretaria para manutenção da rede de drenagem. A Operação Inverno se estenderá até o final de junho de 2008.
Carro cai em canal por causa da inundaçãoO temporal que caiu desde as 14h de ontem em Belém provocou situações de perigo para quem fugia dos engarrafamentos em vários bairros da capital. Foi assim com a condutora da caminhonete Pajero de placas JUG 4442, que, sem conhecer os perigos da rua dos Caripunas, esquina com travessa 14 de Março, acabou caindo no canal, sendo socorrida por populares que evitaram uma tragédia, uma vez que chovia forte no momento do acidente e a água subia rapidamente, deixando o veículo submerso.
Muito nervosa, a motorista, que não quis se identificar, disse que tinha como destino o bairro de São Brás e, como a cidade estava toda congestionada, resolveu buscar atalhos pelas vias secundárias, escolhendo a rua dos Caripunas por achar que dali poderia dobrar na 14 de Março para pegar a rua dos Mundurucus.
Como a rua já estava toda alagada, ela confundiu o lado direito da 14 de Março com o canal que divide as duas pistas, caindo com a Pajero, que logo ficou com a frente toda submersa.
Assustada, a motorista não conseguia abrir os vidros elétricos porque o sistema elétrico falhou e foi preciso a perícia de um morador para retirá-la pela porta do motorista, carregando-a mesmo contra a forte correnteza no local.
Soldados do Corpo de Bombeiros estiveram no local, mas tiveram dificuldade para remover o veículo devido a via ser muito estreita e a ponte que dá acesso ao lado direito da rua dos Caripunas estar danificada. Foi então acionada uma retro-escavadeira. Os bombeiros conseguiram finalmente, com a ajuda de moradores, que o veículo fosse resgatado com sucesso.
Servidores interditam Almirante
MANIFESTAÇÃO Funcionários do IPAMB e sindicalistas apelam contra a privatização da entidadeFuncionários do Plano de Assistência Básica de Saúde e Social- Ipamb e Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Belém - Sindsaúde-Belém, fecharam ontem uma pista da avenida Almirante Barroso, no sentido São Brás-Entrocamento, durante uma hora, em protesto contra a possível privatização do Ipamb.
Segundo os funcionários, se esta privatização realmente se concretizar, muitos benefícios serão perdidos. “Vamos perder os auxilios como: funeral, dentário e psico-social, diz Salomão Moura, servidor do Ipamb, há 4 anos.
A coordenação do Sindsaúde informa que este é só o primeiro ato que antecede à paralisação prevista para 1º de abril. De acordo com o sindicato, a greve é por tempo indeterminado e já foi oficializada ao Ministério Público Federal através de oficio.
Segundo os servidores, a greve é uma forma de chamar a atenção da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), para resolver questões como: planos de carreira, negociação permanente com a direção municipal para melhoramento na rede do SUS, reavaliação de demissões consideradas injustas, falta de estrutura, além do descaso com o atendimento a população.
A manifestação acabou sem conflitos e a pista foi liberada após negociação com a Polícia Militar.
Supermercados irão abrir amanhã
DECISÃO Medida vale exclusivamente para o domingo O s supermercados estão liberados para funcionar amanhã. A decisão foi tomada ontem pelo desembargador federal do Trabalho da 8ª Região, Marcus Losada Maia, por meio de tutela antecipada nos autos da ação civil pública da 10ª Vara do Trabalho de Belém, presidida pelo juiz Carlos Zahlouth Júnior. A justificativa de Marcus Losada é que no domingo não é exigida a autorização por norma coletiva. No entanto, no feriado, a permissão é necessária e a suspensão para este caso permanece.
A decisão do desembargador julgou o mandado de segurança pública solicitado pelo Sindicato das Empresas do Comércio de Supermercados e Auto-Serviços do Estado do Pará. O mandado foi impetrado, na tarde da última quinta-feira, 27, contra a decisão do Juízo da 10ª Vara do Trabalho de Belém, que proibia o funcionamento dos supermercados nos domingos e feriados.
Ele determinou, também, que seja observado e respeitado o sistema de folga no caso do trabalho nos domingos, sendo regularmente concedida a folga semanal remunerada e, para o caso dos comerciários, coincidente com um domingo, a cada três semanas. Por fim, decide que só haja o trabalho em feriados com acordo/convenção coletiva - o que, segundo o magistrado, de fato não existe entre os sindicatos.
Como o desembargador Marcus Losada anulou somente a tutela antecipada, a audiência para julgar a ação civil pública, entre o Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Supermercados, Shopping Center, Mini-Box e Comércio Atacadista, Varejista de Gêneros Alimentícios do Município de Belém e Ananindeua (Sintcvapa) e o Sindicato das Empresas do Comércio de Supermercados e Auto-Serviços do Estado do Pará, acontecerá normalmente na próxima segunda-feira, 31, às 11h15, na 10ª Vara do Trabalho de Belém, e será presidida pelo Juiz Carlos Zahlouth Júnior.
Comerciários querem funcionamento dentro da lei Segundo José Francisco, presidente da Federação dos Trabalhadores do Comércio dos Estados do Pará e Amapá (Fetracom), a entidade vai recorrer da decisão e aguardar a audiência da ação que “pedimos tutela antecipada para que não abrisse o comércio e supermercados sem que haja o acordo coletivo, pois não somos contra o funcionamento desses espaços, mas queremos que a convenção entre o sindicato da patronal e dos trabalhadores aconteça, de acordo com a Lei 11. 603, de 16 de dezembro de 2007, porque muitos supermercados não pagam o trabalhador aos domingos e feriados, nem garantem a folga. Têm pessoas que não conseguem folga há mais de mês”.
O dirigente contesta ainda uma das justificativas utilizadas na determinação do desembargador Marcus Losada. “O desembargador baseou-se nas Leis das Feiras Livres para liberar o supermercado aos domingos. Mas ele está equivocado porque supermercado não é feira, pois nele não há farmácia, eletrodoméstico, material de construção. Os supermercados estão sob a Lei 11. 603”, afirma o sindicalista.
O presidente lembra que a Associação Nacional dos Supermercados (Aspas), Associação Nacional dos Shoppings Centers, Confederação Nacional do Comércio, Fetracom e o Ministério do Trabalho assinaram um documento e encaminharam ao presidente Lula, que fez a Medida Provisória (MP) 388. Em seguida, esta foi encaminhada ao Congresso Nacional, que sancionou a MP e transformou-a na Lei 11.603. “E agora não querem cumprir com suas responsabilidades e ainda querem explorar os trabalhadores”.
CASO - O juiz da 10ª Vara do Trabalho de Belém deferiu o pedido de tutela antecipada, formulado pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Supermercados de Belém, e vetou o expediente de trabalho nestes estabelecimentos durante os domingos e feriados, na última quarta-feira, 26.
A decisão ainda previa multa de R$ 1.000,00 por cada trabalhador encontrado em serviço nesses dias e era válida para os estabelecimentos situados na cidade de Belém.
A tutela antecipada valia até que fosse julgada a ação civil pública, proposta pelo Sintcvapa, que pedia a suspensão das atividades nos supermercados de Belém aos domingos e feriados.
Denúncia acatadaA conselheira Lourdes Lima, do Tribunal de Contas do Estado, acatou denúncia encaminhada pela atual gestão do Iasep sobre irregularidades em contratos do antigo Ipasep, presidido por Antônio Fonteles. A ação surgiu depois que foram analisadas alguns contratos da gestão anterior. A decisão da conselheira torna obrigatória a reabertura de outras contas de Fonteles que já tinham sido aprovadas no TCE.
PlágioO presidente venezuelano Hugo Chávez foi prato cheio para a maledicência de aliados políticos do governo estadual presentes no Hangar. Durante discurso da governadora Ana Júlia sobre o orçamento participativo, Chávez puxou um papel e anotou o que pôde sobre o que ouvia. Não satisfeito, o presidente conferiu com um tradutor para saber se o escrito batia com a idéia captada. Foi aí que baixou a maldade, em sussurros: “Ele está colando!”.
DNA
O que parecia ser matéria vencida para aprovação unânime virou polêmica. O deputado Gabriel Guerreiro, relator na Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa do projeto do deputado João Salame, que amplia de 120 para 180 dias, a licença-maternidade, emitiu parecer contrário. Os membros da CCJ derrubaram o veto e escolheram novo relator, Adamor Aires. O assunto deve voltar na terça ou quarta-feira. Na AL, com teor semelhante, há outros dois projetos, mas, pelo visto, sem consenso.
Elegíveis
O juiz titular da 6ª Vara Trabalhista de Belém, João Carlos de Oliveira Martins, abriu ontem prazo de 72 horas para que 22 empresas de transportes coletivos de Belém entreguem à Justiça Trabalhista a lista de empregados com desconto em folha das mensalidades sindicais. A intimação, acatando pedido de três rodoviários dissidentes, vai definir os habilitados a concorrer na conflagrada eleição do sindicato da categoria, paralisada por ação que corre desde outubro na JT com denúncias de fraudes eleitorais.
A lei
O barulho que fizeram ontem, na porta do hospital, os temporários que serão demitidos segunda-feira da Santa Casa de Misericórdia, contrastou com as águas calmas de mar está para peixe na Secretaria de Pesca e Aqüicultura. Lá, foram assinadas portarias de prorrogações para contratos administrativos de 15 servidores temporários. Na saúde, o argumento para a exoneração é a lei pactuada com o Ministério Público do Trabalho. Na pesca, para a nomeação, é o da urgência que torna a lei mero detalhe.
Amazônia
O líder do PT na Assembléia Legislativa, deputado Carlos Martins, viajou para Atibaia (SP) para participar durante o fim de semana do II Seminário Nacional da corrente petista Construindo um Novo Brasil (CNB), idealizado para debater a conjuntura nacional e o projeto de desenvolvimento nacional do governo Lula. O seminário, aberto ontem à noite com palestra do presidente do PT, Ricardo Berzoini, terá hoje temáticas regionais e o deputado paraense manifesta-se no painel que abordará a Amazônia.