domingo, 22 de abril de 2012



                       PAPA BENTO XVI CELEBRA MISSA PASCAL E PEDE PAZ AO MUNDO

O Papa Bento XVI pediu, em sua mensagem de Páscoa, durante a missa celebrada na Praça de São Pedro, no Vaticano, neste domingo, que o governo da Síria atenda aos apelos de outros países para por um fim ao derramamento de sangue e inicie diálogos com a comunidade internacional.

O papa também denunciou ataques terroristas na Nigéria que têm atingindo tanto cristãos como muçulmanos e rezou pedindo paz para Mali, onde existe um golpe de estado em andamento.

Bento XVI rezou para mais de 100 mil fiéis depois de passar três horas de vigília dentro da Basílica de São Pedro. As informações são da Associated Press. (AE)



                          A DENGUE AVANÇA RÁPIDO NOS CANTEIROS DE BELO MONTE

Diversos trabalhadores da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, têm sido diagnosticados com dengue em hospitais de Altamira, município mais próximo dos cinco canteiros de obras que concentram por volta de 7 mil operários. Dos cerca de 30 casos suspeitos que chegam por dia no Hospital Santo Agostinho, em cinco a doença é confirmada. No Hospital Municipal São Rafael, já foram registrados 50 casos nos últimos dias.

Apesar da taxa de incidência aumentar entre os operários, a dengue não é a doença mais comum nos canteiros da usina. “As principais doenças são as diarreias, seguidas dos casos suspeitos de dengue que, depois, a gente acaba confirmando. Chegam aqui uma média de 30 pacientes com suspeita de dengue por dia. Desses, cinco são confirmados”, disse o diretor de Enfermagem do Hospital Santo Agostinho, Renato da Silva. Segundo ele, “esse é um número muito alto”, principalmente se for comparado com os registros de anos anteriores em Altamira.

A Norte Energia, responsável geral pela hidrelétrica, informou à Agência Brasil que "promove ações diárias e ininterruptas de prevenção e combate à dengue em todos os canteiros de obras" e que "essas ações vão desde o borrifamento de inseticidas até campanhas educativas realizadas periodicamente por equipes devidamente treinadas".

Prestes a ser contratado para trabalhar como servente, Joel Viana, de 25 anos, foi chamado para se apresentar na última sexta-feira (13). Morador de Altamira, Viana chegou com febre ao Sistema Integrado de Ensino do Pará (Sienpa), um dos locais onde é feita a seleção dos trabalhadores. “Como eu preciso muito desse emprego, e ninguém da minha família está trabalhando, decidi vir para cá, mesmo com o corpo todo doendo e com febre. Eles disseram que, do jeito que eu estava, não poderia me apresentar, mas, felizmente, deixaram que eu me apresentasse na segunda”, disse ele, pouco antes de ser chamado pelos funcionários de recrutamento do consórcio.

Coordenador do escritório de Representação Geral da Presidência da República na Casa de Governo em Altamira, Avelino Ganzer confirma que “há um princípio de epidemia de dengue”, não só no canteiro de obras, mas em toda a cidade.

Mas a dengue não é a única preocupação dos médicos. O número de pessoas atingidas pela violência também tem crescido em Altamira, bem como o de vítimas de acidentes de trânsito. “Isso fica bastante evidente em nosso setor de emergência, com o crescente número de pacientes feridos por armas brancas, em especial, vítimas de facadas. Com o inchaço [populacional], também aumentaram consideravelmente os casos de acidentes de trânsito. No geral, a movimentação em nosso hospital cresceu 80% desde que a obra começou”, disse à Agência Brasil a diretora administrativa do Hospital Municipal São Rafael, Arlinda Maria de Sousa.

No Santo Agostinho, Renato da Silva também aponta o aumento na quantidade de casos suspeitos. O número de atendimentos aumentou de 40 para 90 casos por dia. Como se não bastasse, nesta semana, dezenas de servidores da área de saúde que atuam em Altamira decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, reivindicando plano de cargos e salários, aumento salarial, equipamentos de proteção individual e fornecimento de água potável no Hospital São Rafael.

A qualidade da água é apontada por médicos e enfermeiros como o maior problema de saúde da cidade. “É muito comum vermos água escura saindo das torneiras. O problema de saneamento, aqui, é evidente. Daí o grande número de casos de diarreia”.

Recentemente, a Justiça Federal concedeu liminar aos ministérios públicos Federal (MPF) e do Pará determinando 18 medidas que devem ser adotadas pela prefeitura de Altamira para amenizar os problemas no hospital municipal. Segundo o MPF, o hospital apresenta problemas como sujeira, destinação incorreta do lixo hospitalar, além da falta de remédios, água potável e equipamentos de proteção individual. Também foi constatada uma série de deficiências de infraestrutura e de gerenciamento. (Agência Brasil)

                  
                      POLICIA PRENDE FALSO DENTISTA NO BAIRRO DO TAPANÃ

Após denúncia feita pelo Conselho Regional de Odontologia do Pará (CRO-PA) e investigações preliminares, uma equipe de policiais da Delegacia do Consumidor (Decon) prendeu, na manhã de ontem (20), Agripino Bastos, de 64 anos. O acusado foi preso na própria residência, na rua do Ranário, bairro do Tapanã. Agripino foi flagrado praticando o crime de exercício ilegal de Odontologia.

No local onde funcionava um pequeno consultório improvisado, foram encontrados equipamentos odontológicos sucateados e em péssimas condições de higiene, além de medicamentos e material para confecção de próteses dentárias, alguns com data de vencimento de 2008. O material foi apreendido e encaminhado para a Divisão de Investigações e Operações Especiais (Dioe).

A prisão de Agripino ocorreu por volta das 10h30 de ontem. A equipe comandada pela delegada Rosamalena Abreu foi uma das que seguiram em operação para flagrar dois pontos de prática ilegal de Odontologia. Apenas a equipe de Rosamalena obteve êxito na operação e deteve Agripino Bastos. O segundo local, no bairro da Pedreira, estava fechado, mas as investigações prosseguirão.

Ainda em sua residência, Agripino disse que trabalhava apenas como protético e que os equipamentos apreendidos pertenceram ao seu pai, que era dentista. Ele admitiu ainda que trabalha como protético há mais de 20 anos, mas negou que realizasse procedimentos cirúrgicos e tratamento dentário. “Aqui eu fazia o molde e cobrava entre R$180,00 e R$200,00 cada uma. Há muitos anos que eu trabalho”, afirmou.
Uma moradora da área, Erika dos Santos, disse que todos no bairro conhecem Agripino como o “dentista do bairro”. “A gente achava que ele era dentista. Eu até arranquei dente com ele. Ele cobrava entre R$30,00 e R$35,00 por uma consulta. A gente que é de baixa renda acaba procurando o que é mais barato”, lamentou.

Roberto Pires, presidente do CRO, e o fiscal do Conselho, Bruno Dias, acompanharam a ação no bairro do Tapanã. Pires informou que o CRO já havia recebido várias denúncias contra o local. “Ele não tem habilitação como dentista nem como protético e atua há mais de 20 anos. Estive com esse senhor há dois anos, de forma pedagógica, educativa, estive aqui dando ciência que o exercício ilegal da profissão era um crime e ele continuou realizando esses procedimentos.”

O presidente do CRO observa que apenas dentistas e técnicos em próteses dentárias, devidamente habilitados, estão aptos a realizar procedimentos em pacientes. “O técnico faz tão-somente a parte laboratorial, a confecção das próteses. O cirurgião-dentista é que faz a moldagem e o procedimento na boca das pessoas”, orienta. (Diário do Pará)

                OS TENTÁCULOS DE DOTE

Jovem, ousado, impetuoso, com visão de futuro. No rol empresarial a diversificação é uma marca. Adentra o ramo de venda de veículos, passa pelo entretenimento, envereda pelo ramo de transporte e ainda se arrisca no agronegócio. Busca expandir sempre os próprios investimentos e trata a concorrência de forma implacável. Fosse um empreendedor comum certamente já teria recebido algum tipo de prêmio como ‘empresário do ano’, mas Jocicley Braga de Moura, o ‘Dote’, não é um empresário comum. Apesar de ser considerado atualmente um dos maiores- se não o maior- traficantes do eixo Norte-Nordeste, grande parte da fortuna de Dote está envolta em sombras, espalhada em nomes de terceiros, conhecidos como ‘laranjas’. O dinheiro limpa o principal negócio de Dote, o tráfico de droga, capaz de movimentar até R$ 10 milhões por semana, do início ao fim da ‘cadeia produtiva da droga’, segundo avaliação de um delegado especialista no assunto.
Fazem parte desse patrimônio de Dote, segundo ainda está investigando a Polícia, uma concessionária de veículos em Belém e outra em Fortaleza, uma aparelhagem, frota de táxi, apto de luxo em Fortaleza, apartamentos em Manaus e Belém, imóveis em bairros da periferia como Cabanagem e Bengui, e possivelmente imóveis rurais como sítio e fazenda no Pará. Nada disso em nome próprio, o que dificulta o rastreamento, mas em nomes de pessoas de confiança do traficante, cuja escalada no mundo do crime já começa a ser considerada umas das mais impressionantes dos últimos tempos no Estado.
Condenado a nove anos e seis meses de prisão em regime fechado, por tráfico de drogas, pelo juiz Paulo Jussara Júnior, da Vara de Entorpecentes e Combate às Organizações Criminosas do Pará, em dezembro de 2010, ‘Dote’ foi preso de manhã cedo em Fortaleza, no dia 13 de abril, uma sexta-feira, depois de uma noite de festa em comemoração ao aniversário do filho pequeno. Um dos quatro rebentos do traficante.
Foi preso por uma equipe de policiais civis da Divisão de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), da Polícia Civil do Pará, sob comando do delegado Éder Mauro. O traficante não esboçou reação ao ser detido. Estava em um veículo Ecosport, cujo valor de mercado não é menor que R$ 50 mil. Havia passado a noite nos altos de um apartamento de luxo no bem localizado bairro de Dionísio Torres, centro de Fortaleza. No bairro, apartamentos como o de Dote custam entre R$ 680 mil a R$ 1 milhão.
O traficante se preparava para entrar em uma concessionária de veículos que o serviço de inteligência da Polícia Civil crê com alto grau de certeza ser mais um dos empreendimentos disfarçados para lavagem de dinheiro. Aos 28 anos, Dote está milionário. Pavimentou a própria ascensão social no mundo do crime de forma rápida, com alguma dose de sorte e muito sangue derramado. Pelo menos 12 homicídios são atribuídos a ele. Sem contar o assassinato de uma namorada em Fortaleza.

CRIA DO TRÁFICO
O tráfico vem de família. Dote cresceu tendo a droga como companheira íntima. Com oito anos, entre uma partida de futebol no campinho do bairro e uma empinada de papagaio, começou a servir de aviãozinho, transportando pequenas quantidades de maconha e executando diversos serviços aos traficantes mais velhos. “Mãe, tia, madrinha, irmão, praticamente toda a família de Dote têm ou tiveram envolvimento no tráfico”, diz um delegado.
Dote praticamente foi criado pela madrinha Maria do Carmo Borges, a quem o traficante sempre considerou uma segunda mãe. Maria do Carmo está presa por tráfico de drogas. Nos tempos de pobreza quase extrema, Dote também foi ajudado por uma mulher conhecida na Cabanagem como Lucídia, uma mulher magra e de muitas palavras. Dona de um pequeno bar na rua João Nunes, a mesma onde Dote foi criado, Lucídia sempre recebia o protegido e os companheiros de tráfico nas comemorações das vitórias da quadrilha.

Sanguinários, vaidoso e solto por ter "bons antecedentes"
Vaidoso, gosta de baladas e de roupas jovens de marca. Tanto que foi preso novamente quando saía de uma festa em Manaus no início de 2009. Mas foi colocado em liberdade pela juíza Maria Edwiges Lobato no dia 4 de março do mesmo ano. A magistrada avaliou que ele “tinha bons antecedentes” e por “possuir residência fixa” poderia aguardar o julgamento em liberdade. Vinte e um dias depois foi feito novo pedido de prisão de “Dote”, pelo juiz Altemar da Silva Paes, que redistribuiu o processo ao novo titular da Vara de Inquéritos Policiais, juiz Pedro Pinheiro Sotero.
Zé Roberto, "Barão do Tráfico" e novo parceiro de Dote, foi preso. Está em Americano. A captura de Dote passou a ser prioridade. Na Delegacia do Marco, uma pasta branca amarfanhada com um conteúdo um tanto volumoso traz na capa o título ‘Dossiê do Número Um’. É Dote. As buscas por ele levaram as equipes policiais a seguir os rastros do traficante no Maranhão, na região dos Lençóis Maranhenses; em Teresina, no Piauí; em Natal, no Rio Grande do Norte, e em Fortaleza. Dote também passou pelo Rio de Janeiro e fez viagens internacionais.
Acostumado a grandes e confortáveis espaços, Dote atualmente está isolado numa pequena cela, de pouco mais de dois metros quadrados no CR 3, em Americano. É considerada a parte mais segura do complexo penitenciário. “Mas já sabemos que o Zé Roberto mandou que todo mundo tratasse bem o Dote”, diz Éder Mauro.
Enquanto o maior traficante da região vê o cômodo pequeno à frente e ao lado, as peças do tabuleiro do tráfico se movem. Há quem diga que Dandan, no Aurá, e Tiaguinho, no Bengui, de peso mediano no comércio de entorpecentes, começam a querer alçar voos maiores. Qual o dote que lhes será reservado?

Sangue e negócios em família
“Aos 15 anos ele já era dono de boca de fumo. Com 17 anos já mandava na Cabanagem, no Bengui e no Jaderlândia”, diz o delegado Éder Mauro, talvez um dos principais inimigos de Dote, tanto que o traficante chegou a colocar a prêmio a cabeça do policial. Algo em torno de R$ 300 mil para o executor. Nos sete anos entre o menino que servia de aviãozinho ao dono de boca de fumo, Dote começou a imprimir a própria marca. “Ele foi expulsando os donos de boca”, diz o delegado. “Manda matar um e avisa que a partir daí agora é ele quem vai tomar conta do lugar. Quem não aceitar será eliminado. Com isso ganha respeito”. Dote foi eliminando um por um dos fornecedores concorrentes, até chegar ao ponto em que todos os ‘boqueiros’ tinham de comprar a droga diretamente dele.
Foi quando o jovem traficante começou a se capitalizar. Mandava buscar pedras de ‘oxi’ fora do estado. Entre 2002 e 2007 adquiriu os primeiros 15 imóveis na Cabanagem e redondezas. Usava muitos deles como laboratório para fabricação da droga. Mas a Polícia destruiu cinco desses laboratórios. Em um dessas investidas policiais houve trocas de tiro. Três soldados de Dote morreram. O traficante mostrou que não era de aceitar traições. Encontrou quem achava ter feito a denúncia à polícia. Enquanto diversas cédulas de dinheiro eram colocadas na boca do desafeto, mandava que o alvo dos disparos fosse a cara da vítima. Ao fim, doze disparos desfiguraram o rosto do homem a quem Dote atribuía ter ‘dado o serviço’ à polícia. Lições como essa espalhavam-se à boca pequena e a fama do traficante crescia.
E Dote começou a usar laboratórios ambulantes após ser surpreendido pela Polícia. Era um método simples. Batia-se na casa de alguém e a pessoa era informada que a casa seria usada como laboratório naquela noite.
Em 2007, veio a primeira quda. Foi preso quando saía de uma boate no Jurunas. A Polícia ficara de campana das 20h às 8h. No carro de Dote a polícia encontrou cocaína. O traficante ofereceu R$ 100 mil para se livrar do flagrante. Não adiantou. Foi autuado, mas em menos de duas semanas foi liberado por intermédio de um alvará de soltura. Uma semana depois a prisão de Dote foi decretada, mas ele já estava foragido. A fuga resultou num encontro que mudou os rumos do traficante-empreendedor. Dote foi para Manaus e lá fez amizade com José Roberto Fernandes Barbosa, o Zé Roberto, considerado pela Polícia como o ‘Barão do Tráfico’. Em Belém Dote deixou a gerência do tráfico da Cabanagem nas mãos de Boca e Jacaré. No Bengui o escolhido foi Tiaguinho. Dote daria um salto na carreira.
Com Zé Roberto, passou a ter contato direto com o tráfico internacional. Virou uma espécie de ‘quase-sócio’ de Zé Roberto. Com base em Manaus, o Barão do Tráfico recebia pedras de ‘oxi’ do Peru, Bolívia e Venezuela e repassava para os escolhidos em cidades como São Luiz e Fortaleza. Dote tornou-se o ‘homem de Belém’. Uma pedra de oxi, com peso médio de um quilo costuma ter o preço avaliado em cerca de R$ 20 mil. Foi esse mercado que se abriu para Dote, sendo o único grande distribuidor aos traficantes da cidade. E Dote aproveitou. Enriqueceu rapidamente. O traficante tem espírito empreendedor. Por intermédio de laranjas e gente de sua extrema confiança, passou a controlar o movimento de vans e mototáxis no bairro. Também passou a comprar diversos imóveis. No centro de Belém teria apartamentos avaliados em R$ 600 mil. Segundo a polícia, também seria dono de uma aparelhagem, cujo investimento mínimo não sairia por menos de R$ 1 milhão. (Diário do Pará) Luiz Carlos (PPSE)