Dois homens foram assassinados por desconhecidos no início da tarde de ontem, no município de Marituba, Região Metropolitana de Belém (RMB). O crime ocorreu por volta das 14h30, na passagem Novo Uriboca, localizada no bairro de mesmo nome, em frente a uma oficina de refrigeração. Gérson Vagner Lemos Fernandes, de 25 anos e Edson Moisés da Cruz Farias, 19 anos, foram alvejados por dois homens que estavam em uma motocicleta. Segundo as primeiras informações, Gérson era inocente. Ele teria parado na frente da oficina para esperar a chuva passar. Edson Moisés também estava no local quando os homens se aproximaram na moto. Eles teriam atirado em Moisés e notaram que Gérson presenciou o crime, por isso dispararam contra ele também.
Familiares relataram que Edson Moisés já tinha sido ameaçado de morte duas vezes desde o último domingo. A informação era que ele teria alguma ligação com o crime que vitimou 'Dieguinho', este último envolvido no homicídio do cabo Tabosa. 'Os amigos do Dieguinho acham que o Moisés participou do assassinato dele, mas isso não é verdade. Ele (Moisés) já teve passagens pela Polícia, mas nunca por homicídio', disse a tia da vítima, Márcia Rodrigues no Nascimento, de 32 anos.
Márcia Nascimento contou que o sobrinho tinha envolvimento em delitos como furto e roubo, e que já esteve preso em outras ocasiões. Ela contou ainda que Moisés foi ameaçado pela última vez na noite de domingo.
INOCENTE
O irmão de Gérson Vagner, Tarcísio Henrique Lemos Fernandes, de 28 anos, contou que o irmão morava sozinho naquela mesma rua, a passagem Novo Ubiroca. Tarcísio contou que o irmão sempre almoçava na casa de uma vizinha antes de ir para o trabalho. Ontem, após o almoço, Gérson pegou sua bicicleta e seguiu em direção à BR-316, já que ele trabalhava em um frigorífico localizado naquela via. No meio do caminho, ainda na rua da sua casa, começou a chover e ele parou na frente da oficina de refrigeração para esperar a chuva passar. Foi quando presenciou o assassinato de Moisés, que estava no mesmo local. 'Ele viu o rosto dos caras, pois eles estavam sem capacete. Meu irmão ainda tentou fugir, mas eles atiraram contra ele. Ele morreu de 'laranja', porque poderia servir como testemunha', disse Tarcísio.
De acordo com o sargento Pires, da 21ª Zona de Policiamento (Zpol), ninguém soube dar detalhes sobre o fato ou características físicas dos criminosos. Os policiais da viatura 2098 foram até o local garantir a segurança até a chegada do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPCRC).
O caso foi registrado na Seccional Urbana de Marituba, e ficará sob os cuidados do delegado Paulo de Tarso Dutra Mendes.
SÃO MIGUEL
Um assassinato chocou os moradores de São Miguel do Guamá, no nordeste paraense, na madrugada do sábado. O trabalhador rural Francisco Simão Ferreira foi morto a pauladas e a golpes de terçado por uma gangue que cobrava pedágio em via pública no município. Quatro integrantes do grupo já foram presos. As informações são do Portal ORM
Por volta das duas horas da madrugada Francisco passava pela rua Oscar Gomes da Costa, no bairro da Jaderlândia, quando foi abordado por sete homens que integravam a gangue do Gueto. Segundo informações da polícia eles cobravam uma espécie de pedágio da vítima. Francisco retirou a carteira para dar o dinheiro e foi roubado por Rosinaldo Lima Barbosa, de 21 anos, um dos integrantes da gangue.
A vítima reagiu e esfaqueou o assaltante. Revoltado o grupo se armou de paus e terçados e atingiu o trabalhador rural na face. 'O rosto ficou transfigurado e ele morreu na hora', afirma o escrivão Andrei Monteiro.
Moradores acionaram a Polícia, que, ao chegar ao local encontrou o corpo do agricultor. Já o assaltante foi levado para um hospital pela gangue, que fugiu em seguida. Rosinaldo não resistiu ao ferimento e morreu em seguida.
A vizinhança identificou todos os sete integrantes, mas a Polícia só conseguiu prender quatro deles: Reginaldo Lima Barbosa de 20 anos, conhecido como Naldo, irmão de Rosinaldo; Alan Diego Neves dos Santos de 20 anos; Juciel Silva Lopez, de 18 anos; e um adolescente, de 15 anos. Os quatro foram encontrados em suas respectivas casas.
Reginaldo, Alan e Juciel foram autuados em flagrante pelo crime de latrocínio e formação de quadrilha e estão presos na delegacia de São Miguel, aguardando transferência para outras casas penais. O menor foi encaminhado para a Funcap (Fundação da Criança e do Adolescente). Todos já tinham passagem pela polícia por crimes de furto e roubos.
Em depoimento a Polícia, os integrantes negaram envolvimento com o crime. 'Já sabemos quem são os outros integrantes, agora fazemos buscas na cidade e nos municípios de Irituia, São Domingos do Capim e Bonito atrás dos outros três bandidos', disse o escrivão.
No Benguí
Policiais trocaram tiros com suspeitos. Um conseguiu fugir com arma em punho.
Dois homens foram presos depois de assaltarem passageiros de um microônibus que viajavam de Outeiro para o Entroncamento. Um dos acusados foi baleado pela polícia e o outro, durante a fuga, caiu e machucou a cabeça. O terceiro bandido conseguiu fugir, levando o revólver usado para render as vítimas.
Ednilson Pereira da Silva, de 20 anos e Audir da Paixão Cardoso, 24 anos, foram presos e encaminhados para atendimento médico. Depois, a dupla foi levada para a Seccional Urbana da Marambaia, onde foram reconhecidos por uma das vítimas e autuados em flagrante. Com eles, os policiais encontraram uma bolsa roubada no assalto. A dupla identificou o assaltante que conseguiu fugir pelo apelido de 'Júnior Doido', morador do bairro da Cabanagem. Entretanto, eles não souberam informar o endereço exato dos suspeito.
O cabo Cardoso, da 5ª Zona de Policiamento (Zpol), disse o trio entrou no microônibus que vinha de Outeiro e anunciou o assalto nas proximidades da entrada do Benguí, na avenida Augusto Montenegro. Eles ordenaram que o motorista entrasse para o bairro do Benguí, mas o condutor do microônibus se recusou. O trio passou a revistar os passageiros e roubar-lhes dinheiro e objetos.
De acordo com uma das vítimas, que não terá seu nome divulgado, seis pessoas estavam dentro do veículo. 'Eles fizeram uma limpeza em todos os passageiros, tirando principalmente as bolsas', disse a mulher, que reconheceu a dupla na Seccional da Marambaia.
Depois de roubarem as vítimas, os bandidos saíram correndo em direção ao Benguí. O cabo Cardoso e o irmão dele - que também é policial e estava à paisana - presenciaram o momento em que os homens fugiam e passaram a persegui-los. 'Percebemos a ação estranha, pois eles estavam com bolsas. O assaltante que conseguiu fugir levava uma pasta', disse.
Durante a perseguição policial, um dos acusados passou a atirar contra os policiais. Houve troca de tiros e o cabo Cardoso baleou Audir da Paixão Cardoso no pé. Ednilson Pereira da Silva caiu e machucou a cabeça, e 'Júnior Doido' conseguiu fugir. Audir e Ednilson receberam voz de prisão e foram levados para atendimento médico.
Na unidade policial, os dois disseram que moram no bairro do Benguí, e que não têm passagens pela Polícia. Eles confessaram que praticaram o assalto, mas contaram outra versão. Segundo eles, a mulher foi abordada na parada de ônibus, e não dentro de um veículo, informação que foi desmentida pela vítima. A dupla também afirmou que não usava arma.
‘Monstro da ceasa’
A confissão acima, feita ontem pelo ex-soldado do Exército André Barbosa, foi recebida pela população de Belém com sentimento de justiça e alívio. Entre 16 de dezembro de 2006 e 22 de março de 2007, três adolescentes foram mortos em circunstâncias semelhantes, o que levou a polícia a concluir que se tratava de um serial killer - assassino em série -, logo conhecido como 'Monstro da Ceasa'. André Barbosa foi preso no domingo passado, após ser flagrado agredindo a quarta vítima, e ontem à tarde confessou ser o homem procurado pelos três assassinatos. Com a confissão, detalhes escabrosos - o assassino, que fora adotado quando tinha três meses, foi abusado sexualmente entre os seis e os sete anos; declarou-se fã de armas, guerras e de Adolf Hitler; conhecia e visitava para consolar as famílias das vítimas; foi aos três enterros e chorou sobre o caixão de um dos adolescentes; matava entre dezembro e março por ser mês de festas familiares, em que sentia inveja das crianças e adolescentes na companhia dos parentes; disse que ouvia 'vozes' enquanto cometia os crimes e que, depois, não encontrava explicação para os fatos, ainda que se reconhecesse como o responsável. Outras duas circunstâncias surpreendentes: a irmã de um dos acusados afirmou ter tido um transe mediúnico e, sem motivo aparente, apareceu nas matas da Ceasa, no momento em que a polícia levava o que seria a quarta vítima para fazer o reconhecimento de local; e também se revelou ontem que não houve nenhum ladrão de bicicleta, que teria flagrado o assassino a agredir o quarto garoto e com quem teria travado luta corporal (esse 'ladrão' seria uma invenção do garoto, abalado emocionalmente). O sentimento de alívio foi tanto maior quando se conhecem casos de assassinos em série que só são presos depois de dezenas de assassinatos; e a sensação de justiça se reconhecia ontem no rosto das famílias das vítimas, mães que jamais vão se recuperar das atrocidades sofridas pelos meninos. Outra reação foi comum às famílias e vizinhos dos garotos mortos - a do estarrecimento, da estupefação por descobrir quem era o assassino, um jovem tido como exemplar, que ajudava mendigos e consolava velhinhos, e de quem jamais houve qualquer queixa no bairro do Guamá. Veja nesta e nas três páginas seguintes os detalhes de um dos casos policiais que mais chocaram Belém, no qual a polícia paraense desempenhou papel tido como exemplar, ao usar o serviço de inteligência e tecnologia para fechar o cerco e prender o assassino.
Na confissão, assassino diz que agiu por impulso e que não é um monstro
Dilson Pimentel
Da Redação
'Não sou esse monstro. Agi por impulso'. A afirmação é do ex-militar do Exército André Barbosa, de 26 anos, o homem que a Polícia Civil aponta como o matador de três adolescentes, entre dezembro de 2006 e março de 2007, nas matas da estrada da Ceasa. Detido na tarde de domingo, ele também é acusado de atacar, na semana passada, um garoto de 11 anos, que conseguiu fugir. André confessou todos os crimes. Ao ser apresentado à imprensa, ontem à tarde, o acusado disse ter se arrependido dos assassinatos dos adolescentes, cujas famílias ele conhecia. Os parentes das vítimas, porém, nunca suspeitaram do ex-militar. 'Foi um momento de fraqueza, agi sem pensar', completou André, durante a tumultuada e rápida entrevista aos jornalistas.
Na entrevista, André Barbosa disse que matou os três garotos, mas não soube explicar os próprios atos. 'Não consigo obter resposta para isso. Estou arrependido'. O ex-militar também não fez comentários sobre os abusos sexuais sofridos pelas vítimas. E pediu perdão aos parentes dos meninos por ter 'traído a confiança deles'. Usando um colete do Grupo de Pronto-Emprego (GPE), e escoltado por policiais dessa unidade da Polícia Civil, André não quis dar mais declarações aos repórteres e foi retirado do auditório da Delegacia Geral de Polícia Civil.
A Polícia Civil divulgou detalhes da confissão de André, que nasceu na cidade paulista de Guarujá, é solteiro e revelou que, na infância, foi abusado sexualmente. Ele contou que veio para Belém com três meses de nascido, sendo criado por uma família no bairro do Guamá. Só conheceu a mãe biológica, que hoje viveria fora do País. Não conheceu o pai. André disse que não completou o nível médio, mas serviu ao Exército em 1999. No Exército, aprendeu a fazer vários tipos de nó em cordas. André Barbosa contou aos policiais civis ter sido violentado sexualmente várias vezes quando tinha de seis para sete anos de idade, por um homem que se chamava 'Max'. Esse homem teria sido morto por causa de problemas com traficantes de drogas, no bairro do Guamá.
De acordo com André, 'Max' lhe dava linha e papagaios (pipas) para brincar. Ele contou que, toda vez que era violentado, 'Max' ameaçava matá-lo, caso contasse a história para alguém. André Barbosa revelou que conhecia os três adolescentes que matou. Ele confirmou que freqüentava a mesma 'lan house' à qual as crianças compareciam, na avenida José Bonifácio, de nome 'Fox' e que foi fechada depois das mortes das crianças. Também passou a freqüentar a 'lan house' de nome 'Big Boi', naquela mesma avenida.
DINHEIRO
André Barbosa contou que, para convencer os garotos a sair com ele, oferecia dinheiro para que tomassem conta de sua bicicleta, enquanto faria um jogo em uma casa lotérica, em frente ao colégio Paulo Maranhão, também na avenida José Bonifácio. Segundo os policiais, ele sempre usava a desculpa de que já lhe tinham roubado uma outra bicicleta. Depois, levava os meninos para as matas da Ceasa. Sobre as mortes, André Barbosa contou que tinha muita confusão na cabeça e ouvia 'vozes'. E que, depois, deparava-se com as crianças mortas. André Barbosa também afirmou que, durante a noite do dia de cada crime, ficava em desespero e que, quando via os noticiários sobre as mortes, não acreditava que ele tivesse cometido os crimes, apesar de se lembrar de todos.
Também explicou com quais golpes dominava as vítimas: 'triângulo', 'arm lock' e 'guilhotina' e um outro que aplicava pelas costas dos adolescentes, de nome 'mata-leão'. André contou ainda que todas as mortes foram causadas por estrangulamento, usando cordas de nylon. Ele disse que estrangulava quando os garotos já estavam desacordados e que agia sozinho em todos os crimes. Os policiais também quiseram saber a razão pelo qual os assassinatos eram praticados entre dezembro e março. André disse que essa era a época em que via os filhos reunidos com as famílias, por causa de festas como o Natal e o Ano Novo. E, por ter sido adotado, ele não estava com os pais biológicos nessas datas especiais, e sim com os adotivos. Sobre a idade das vítimas que atacou, entre 11 e 15 anos, disse que não as escolhia pela idade, mas que o fazia de forma aleatória.
Descuido
Motoristas diz que a vítima 'surgiu do nada' e não teve como evitar o choque
O ciclista Izac Tavares Franco, 26 anos, perdeu a vida ao tentar atravessar a pista do canteiro central do Paar. Ele foi atingido pelo microônibus de placas JUX-6248 da linha Aurá-Castanheira, no final da noite de domingo. De acordo com informações prestadas por Carlos Eduardo Lima da Silva, que dirigia o microônibus no momento do acidente, o ciclista trafegava pela rua Tapajós e resolveu passar para a pista do canteiro central do Paar 'sem tomar os cuidados necessários'.
O motorista disse que não teve como evitar o choque com o ciclista, pois quando ele percebeu a bicicleta já estava muito próxima do microônibus. 'Ele apareceu do nada e já bem em cima do meu veículo. Ainda tentei desviar para evitar o acidente, mas já era tarde e o rapaz acabou sendo atingido', disse o motorista em depoimento.
Devido o impacto com o veículo, Izac foi jogado para cima canteiro da rua. Muito machucado, Izac foi socorrido por uma viatura do Corpo de Bombeiros, que levou a vítima ao Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, onde o ciclista faleceu no início da manhã de ontem.
NA BR-316
A colisão entre uma picape F-1000 e uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) deixou três pessoas feridas, uma delas presa às ferragens de um dos veículos. O acidente ocorreu por volta de 11 horas de ontem, na curva do Cupuaçu, localizada no Km 26 da BR-316, quando três agentes da PRF sinalizavam a pista onde um caminhão estava parado com defeito mecânico.
O caminhão ocupava parte de uma das pistas da rodovia. Os policiais R. César, Diniz e Melo ainda não haviam terminado de sinalizar o local quando a picape de placa HUP-1062, de Belém, em alta velocidade, colidiu com a viatura que estava estacionada. Os agentes R. César e Diniz, que estavam dentro do veículo, ficaram levemente feridos, segundo informações da assessoria de imprensa da PRF. O motorista Thiago Silva da Silva, único passageiro do outro carro, ficou ferido em várias partes do corpo.
O inspetor Max, chefe do núcleo de comunicação da PRF, disse que será feita uma perícia para verificar a causa do acidente. Se for constatado que Thiago Silva dirigia de forma irregular ou foi o responsável pela colisão, ele será responsabilizado.
Segundo a assessoria de comunicação, dois policiais estavam dentro da viatura, uma L-200, tratando dos procedimentos relativos ao veículo que estava parado na pista. Enquanto isso, policial rodoviário Melo colocava cones na pista, para alertar motoristas e evitar acidentes, já que o caminhão estava parado logo após a curva e não poderia ser visualizado pelos motoristas.
E mesmo com a sinalização, o motorista da F-1000 não teve tempo de frear e bateu no veículo da PRF. Os dois policiais tiveram leves escoriações. O condutor da picape, que ficou preso às ferragens, foi levado para atendimento médico. Segundo a PRF, não foi possível tirar o caminhão da pista antes porque o veículo ficou travado.
Na tarde de ontem, a reportagem entrou em contato com o Hospital de Urgência de Marituba, mas não conseguiu confirmar se Thiago Silva foi levado para receber atendimento naquele hospital. A vítima também não foi levada para o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência.
Investigação
Jovem reagiu à voz de prisão, diz a Polícia, e foi baleado duas vezes no peito
Um dos suspeitos de assassinar o cabo da Polícia Militar Luís Augusto Tabosa da Silva, de 45 anos, morreu baleado ontem de manhã durante uma perseguição policial em Marituba. Rosan Edson Pompilho Gomes, de 18 anos, foi localizado em uma casa no bairro São José, periferia de Marituba, durante as buscas feitas pela equipe de policiais do 21º e 6º batalhões da Polícia Militar, com jurisdição em Marituba e Ananindeua, respectivamente. Rosan levou pelo menos dois tiros à queima-roupa depois, segundo a PM, de reagir à voz de prisão dada pelos policiais por volta das 10h30.
O suspeito foi levado ainda com vida até a Unidade de Urgência e Emergência de Marituba, na rodovia BR-316, a poucos metros da praça Matriz. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu durante o percurso. De acordo com o major PM Oswaldo Lourinho de Souza Júnior, comandante da 14ª Zona de Policiamento Urbano (14ª Zpol/PM), que estava à frente da operação, as buscas devem continuar para a captura de mais um envolvido, Marcos da Silva Dias, o 'Marquinho'. Até ontem, ele estava foragido. Parentes e familiares do PM assassinado acompanharam a caçada aos suspeitos nas ruas de piçarra de Marituba. As incursões se estenderam ao longo do dia.
'Marquinho' é suspeito de ter executado o próprio parceiro, 'Dieguinho', na rua Raimundo Nunes da Richa, após matar cabo Tabosa com dois tiros na cabeça. 'Marquinho', 'Dieguinho' e Rosan Gomes teriam se desentendido, provavelmente por causa da execução de Tabosa, e Dieguinho acabou morrendo nas mãos dos comparsas, segundo informações da Polícia Militar.
Outras cinco pessoas foram detidas durante a manhã de segunda-feira e conduzidas à Seccional de Marituba para averiguação sobre o envolvimento no homicídio do cabo PM. Até o início da tarde, não havia sido confirmada a participação de um dos detidos na execução.
INOCENTE
A mãe de Rosan, a dona-de-casa Soraya Patrícia Pompilho Gomes, garantiu que o filho não tinha qualquer culpa no homicídio. 'O meu filho estava viajando para São Caetano de Odivelas, onde mora a minha mãe. Ele não se dava bem com esse ‘Marquinho’. Nem se falavam', disse Soraya, bastante abalada com a morte do filho.
Ela, entretanto, admite que o filho tinha antecedentes criminais. Rosan já foi preso em flagrante por porte ilegal de arma, além de praticar pequenos roubos.
EXECUÇÃO
Por volta das 20 horas do último sábado, o cabo PM Tabosa saiu com a mulher e os dois filhos, um garoto de 12 anos e uma menina de 4 anos, para lancharem em Marituba. A família parou em uma lanchonete situada na rua do Fio, próximo à esquina com a avenida João Paulo II, no bairro Novo. Enquanto todos merendavam, um desconhecido aproximou-se em uma bicicleta e aproveitou que o PM estava sentado, desprevenido, para atirar na vítima. O policial não teve chance de defesa, tanto que morreu com dois tiros na nuca, na mesma cadeira onde estava sentado. Especula-se que os assassinos estivessem interessados em uma suposta arma portada na ocasião por Tabosa. Todavia, ele não estava armado no momento da execução.
Homicídio consterna parentes e colegas de farda
O corpo do cabo PM Tabosa foi velado desde domingo na Igreja de Nossa Senhora da Paz, no bairro Novo Horizonte, onde a vítima vivia com a família. Amigos, colegas de trabalho, parentes e vizinhos foram até a igreja para rezar, confortar a família da vítima e dar adeus ao PM.
O cortejo fúnebre saiu da igreja por volta das 10 horas, seguindo em direção ao cemitério São José de Arimatéia, ao lado do Mercado Municipal de Marituba, a poucos metros da rodovia BR-316.
O cabo era lotado na 14ª Zpol/PM e trabalhava no policiamento ostensivo nos bairros Distrito Industrial e Maguari, em Ananindeua. Tinha 20 anos de profissão e era considerado um policial eficiente e exemplar. Os familiares estavam consternados com a perda.
O irmão da vítima, o subtenente da reserva Raimundo Tabosa da Silva, falou sobre a tristeza da família e do crescimento da violência na Grande Belém. 'A gente sempre acha que não vai acontecer, mas do jeito que a violência está tão grande, não respeitam nem mesmo as autoridades policiais. Só peço a Deus que esse quadro mude. Foi um pai de família morto na frente de duas crianças. Isso é revoltante. Temos três PMs em nossa família e ele era o único na ativa. Que Deus tenha piedade da alma dele e de seu algoz. Nós corremos mais riscos que a Polícia Civil. A PM exerce a função dos pais nas ruas para tentar nos orientar e nos corrigir. Quem faz isso está mais sujeito a sofrer esse tipo de coisa', disse o subtenente, abalado com a morte do irmão.
O enterro de Tabosa também foi uma ocasião triste para os amigos que conviveram por muitos anos com o policial. O cabo PM Aleixo Ramos trabalhou durante 16 anos com o colega assassinado. 'Nós moramos no mesmo lugar da bandidagem. Não tem residencial só para policiais militares. Prendemos o bandido e depois somos obrigados a conviver com eles no mesmo bairro onde moramos. Sempre tomamos alguns cuidados. Eu prefiro sempre trabalhar em bairros diferentes. Meu colega era um bom profissional. Em agosto, faria 20 anos de corporação', disse cabo Aleixo.
Quem mora em Marituba reclama da criminalidade crescente no município. Assaltos são constantes contra os moradores. Só no último final de semana seis mortes foram registradas no município, o que preocupa a população.
Comandante da PM diz que morte foi fatalidade e anuncia concurso
O comandante geral da PM, coronel Luiz Claúdio Ruffeil, afirma que em termos de criminalidade, Belém ocupa a posição de 16ª capital mais violenta do Brasil. Os roubos, diz o oficial, seriam solucionados com policiamento ostensivo a pé na Região Metropolitana de Belém. Em breve, mais 1,7 mil policiais militares devem reforçar a atuação da PM nas ruas após a realização de concurso público.
A morte do cabo PM Tabosa foi uma fatalidade para o comandante geral. 'Ele estava em situação de folga e foi executado. As circunstâncias do crime estão sendo apuradas', informou o oficial. A corporação deve também investigar a morte do policial em inquérito militar. Só no ano passado foram mortos 27 PMs, seja em serviço ou por crime de execução. Ruffeil disse ainda que está prevista a implementação de um programa de habitação especial a policiais militares com recursos estaduais e federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Não há data para que ele seja iniciado.
OUTRO
O ex-policial militar Pedro Laurindo dos Santos Vieira, 39 anos, continua internado em estado grave no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, na rodovia BR-316. Ele foi baleado na testa quando trabalhava como segurança de uma festa da aparelhagem Rubi, no bairro da Cabanagem no último domingo à noite. Um homem conhecido como 'Neguinho da Codorna' é o principal acusado de tentar matar o ex-policial.
Neguinho foi expulso da festa por estar tumultuando o evento, que ocorria na Chácara Holanda, situada na travessa Benjamin, juntamente com alguns amigos. Logo depois da expulsão, ele retornou à chácara com uma arma e atirou no segurança.
Pedro dos Santos foi levado até o Hospital Metropolitano de Belém. Segundo informações do Serviço de Controle de Crimes Violentos da Polícia Civil, o ex-policial estava respirando com a ajuda de aparelhos e corre risco de morte devido à gravidade do ferimento na cabeça. O caso será investigado pela Delegacia da Cabanagem.