Uma quadrilha fortemente armada invadiu ontem a cidade de Viseu, no nordeste do Pará, a 315 quilômetros da capital. O bando agiu com violência e o tiroteio durante assalto deixou quatro baleados, duas agências roubadas e danificadas, além da população da cidade totalmente em polvorosa. Pelo menos 10 bandidos participaram da ação usando escopetas, fuzis e revólveres. Com medo, comerciantes fecharam as portas e transeuntes correram para as suas casas.
A ação começou por volta das 10h, na BR-308, estrada que liga Bragança a Viseu, próximo à comunidade de Marataúna, pouco antes de chegar à sede do município. Lá, os assaltantes tombaram e atearam fogo em um automóvel Palio prata que os conduziam.
Em seguida, dois integrantes do bando acenaram para uma van, da empresa Transglyn Transporte e Turismo, que faz linha para o município. Na ocasião, transportava sete passageiros.
O motorista da van, que preferiu não ser identificado, disse à reportagem do DIÁRIO que parou na intenção de prestar socorro aos ocupantes do carro, mas eles acabaram rendidos pelos bandidos que tomaram a direção do veículo e foram rumo a Viseu.
A quadrilha foi direto para as agências do Banco do Brasil e do Banco do Pará, próximas uma da outra. Eles chegaram ao local às 10h15.
“Eles (os bandidos) sabiam que seria o dia do pagamento dos funcionários municipais”, opinou o motorista. Ontem, também era dia de pagamento para aposentados e pensionistas do INSS.
O bando chegou de forma violenta e deu vários tiros com armas de grosso calibre nas portas de vidro das agências bancárias causando pânico entre os clientes e funcionários que estavam nos estabelecimentos. Pessoas que estavam nas filas entraram em desespero em meio ao tiroteio. Durante o assalto, dois vigilantes do Banco do Brasil e um do Banpará foram pegos como reféns, bem como o gerente do Banpará, João Fernandes Ribeiro dos Santos.
Quatro clientes foram baleados: Moisés Santana da Silva, 42 anos, e Clodoaldo Baldez, 30, foram atingidos nas coxas esquerdas; Adailton de Oliveira Azevedo, 29 anos, levou um tiro nas costas; e Raimundo Gomes, 34 anos, ferido na perna esquerda. Eles foram socorridos no Hospital das Bem Aventuranças e já receberam alta médica.
Após cerca de 30 minutos de assalto, o bando fugiu na mesma van que chegaram pela BR-308. No caminho, roubaram um Gol que também foi usado para a fuga. No início da tarde de ontem, a van foi localizada abandonada a 25 quilômetros do centro da cidade e o Gol já próximo ao município de Gurupi (MA).
BUSCA
Uma força-tarefa incluindo duas viaturas do COE, de Belém; uma viatura do esquema tático CPR3 de Castanhal; uma de equipe com policiais de Capanema e outra de Bragança estão na captura do bando. Até as 21h de ontem, ainda não havia uma posição definitiva, no entanto, a polícia está fazendo o cerco na área e acredita que deve localizá-lo antes mesmo do amanhecer.
Mais de 30 homens das Polícias Civil e Militar de Viseu e Capanema estão nas buscas dos criminosos que escaparam em direção ao Estado do Maranhão. A Polícia Civil do Maranhão também foi acionada e participa das buscas aos assaltantes.
Na fuga, os gerentes dos dois bancos foram feitos reféns, mas foram liberados logo depois na estrada, a cerca de 10 quilômetros da entrada da cidade de Viseu.
O envio de homens da DRCO e GPE de Belém e o apoio do helicóptero da PM foi autorizado pelo secretário de Segurança Pública do Pará, Geraldo Araújo.
Caçada policial entra pela noite na fronteira do Pará com o Maranhão
LIANDRO BRITO
A Polícia Civil e Militar do município de Capanema e a PM de Bragança continuaram durante todo o dia e a noite de ontem na fronteira entre os Estados do Pará e Maranhão, no município de Gurupi.
Os dois carros usados na fuga pela quadrilha foram encontrados por volta das 14h em uma estrada vicinal já no Estado do Maranhão. O carro modelo Gol estava incendiado e a van foi levada para a Delegacia de Viseu. O dono da van prestou depoimento ainda na delegacia e contou como foi a abordagem da quadrilha.
A polícia trabalha com a hipótese de que seriam pelo menos 10 homens armados de escopetas, metralhadoras, revólveres e pistolas, que participaram diretamente da ação. Mas, informações apontam para mais envolvidos que teriam dado apoio logístico e detalhes sobre as agências bancárias.
O valor que foi roubado das duas agências ainda não foi divulgado pelos bancos.
Houve uma auditoria interna na tarde de ontem para contabilizar os valores e os danos materiais sofridos.
Nada foi encontrado que possa levar a mais informações sobre o bando. A polícia não sabe informar ainda se o grupo é formado por assaltantes do Pará ou do Maranhão. “Não se tem ideia de onde eles sejam. Nem se pode afirmar que são maranhenses, apenas que fugiram em direção àquele Estado”, comentou o delegado Umberto, de Viseu.
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