Trio manteve homem em cárcere privado dentro de viatura e exigiu R$ 15 mil da família para libertá-lo
O que era para ser uma abordagem de rotina terminou com a prisão de três policiais militares acusados de cárcere privado e concussão (tipo de extorsão praticada por funcionário público), na tarde de ontem. Os PMs José Luiz Aires de Souza, Carlos Renato Silva de Oliveira e Raja André Melo de Souza - lotados na 5ª Zona de Policiamento (Zpol) - foram presos em flagrante no momento em que recebiam R$ 900,00 da família de um rapaz que eles mantiveram dentro da viatura por aproximadamente quatro horas. Eles foram encaminhados para a Corregedoria da Polícia Militar (PM) e de lá deveriam ser levados, ainda ontem, para o presídio Anastácio das Neves, localizado no Centro de Recuperação Prisional do Pará (CRPP).
De acordo com informações repassadas por familiares e pelo advogado da vítima, Thiago Machado, a situação teve início por volta das 10 horas, na rua Bragança, esquina com a rua Cabanagem, no bairro da Cabanagem. Os policiais militares abordaram o homem de 29 anos (a família preferiu não informar o nome dele) e fizeram uma revista. "Parecia ser uma revista de rotina, mas os policiais viram que ele estava sem documentos, então o colocaram dentro da viatura, dizendo que ele é traficante", afirmou o advogado. Segundo Thiago, o homem trabalha como mototaxista e costuma ficar em um ponto naquelas imediações.
Depois de manterem o homem dentro da viatura policial, segundo o advogado, os PMs ligaram para a família e pediram R$ 15 mil para que ele fosse liberado. "Eles começaram pedindo R$ 15 mil, que depois baixaram até R$ 4 mil. A família afirmou que não tinha esse valor, e conseguiu juntar R$ 900,00. A Corregedoria foi, então, avisada sobre o que estava acontecendo, e foi montada a operação para prisão dos acusados", contou Thiago Machado.
Um irmão gêmeo da vítima, que não terá o nome divulgado, afirmou que a família passou por momentos de desespero. "Foi desesperador porque não tínhamos o dinheiro que eles estavam pedindo. Eu consegui R$ 900,00 e, depois que eles nos disseram onde seria feita a entrega do dinheiro para liberação do meu irmão, nós entramos em contato com as autoridades", disse.
Por volta das 14 horas, depois que os parentes da vítima disseram que tinham R$ 900,00, os policiais militares marcaram um ponto na rua da Marinha, bairro da Marambaia, para que fosse feito o "resgate" do rapaz, em troca do dinheiro. Policiais foram até o local e localizaram a viatura em que estavam os militares acusados. A família chegou com o dinheiro, e no momento em que era feito o pagamento aos policiais, eles receberam voz de prisão. Os três foram encaminhados para a Corregedoria da Polícia Militar, onde prestariam depoimento antes de serem levados para o presídio Anastácio das Neves, exclusivo para funcionários públicos.
Em entrevista ao portal ORM, o coronel Silva, da Corregedoria da PM, informou que os policiais irão responder a um Conselho de Disciplina e podem ser excluídos do quadro. O flagrante serve como instrumento para ser processado na Justiça Militar.
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