CINEMA
Tropa de Elite
Estréia hoje no festival de Berlim. O filme é apontado como o “novo Cidade de Deus”
Capitão Nascimento chega a Berlim
O longa-metragem Tropa de Elite, concorrente brasileiro ao Urso de Ouro no 58º Festival de Berlim, faz hoje sua estréia no evento. A sessão oficial competitiva, na sala de projeção do Berlinale Palast, sede da disputa, ocorre às 16h (13h, no horário de Brasília). Estarão presentes o diretor, José Padilha, e parte da sua equipe - os atores Wagner Moura (Capitão Nascimento) e Maria Ribeiro (Rosane, a mulher do capitão), o fotógrafo Lula Carvalho e o produtor do filme e sócio de Padilha, o cineasta Marcos Prado (Estamira). Os outros dois filmes da competição (entre 21 longas) programados para amanhã são o alemão Kirschblüten - Hanami (o desabrochar das cerejas), de Doris Dörrie, uma tragicomédia sobre a vida amorosa de um homem, e o chinês Man Jeuk (o pardal), de Johnnie To, sobre jovens delinqüentes. O festival anuncia os vencedores e entrega seus prêmios no próximo sábado. No fim de semana passado, Tropa de Elite começou a ganhar atenção da imprensa internacional em Berlim. A revista Hollywood Reporter citou-o como o título “que está sendo promovido como o novo Cidade de Deus”. A Screen publicou no sábado entrevista com Padilha, em que ele afirma: “[No Brasil] Muitas pessoas me pararam na rua para dizer que estavam gratas porque o filme dá à polícia o que ela merece. Obviamente, não foi o que tentei fazer”. Tropa de Elite aborda o consumo e a repressão ao tráfico no Rio sob a ótica de um capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da PM, que pretende deixar a função, mas não sem antes encontrar seu substituto.
FOME - Em busca de co-produtores e/ou distribuidores internacionais, Padilha e Prado trouxeram ao Mercado do Filme de Berlim, realizado paralelamente à competição, “um roteiro debaixo do braço”, que volta a tratar do consumo de drogas no Rio, nos dias atuais e pela perspectiva dos usuários. O filme, cujo título provisório foi Posto 9, terá o nome de Paraísos Artificiais e será dirigido por Prado e produzido por Padilha. A produção de Paraísos Artificiais, no entanto, não deve retardar a carreira de Padilha como diretor. Ele já tem quase pronto o documentário Fome, com o qual imagina “acender outro debate importante no Brasil, sobre os programas sociais”. Autor do multipremiado documentário Ônibus 174, sobre o seqüestrador do coletivo no Rio, Padilha diz que Fome é um filme “ao contrário de todos” os seus anteriores, porque se filia ao cinema direto. “ Não há nenhuma análise sobre o problema da fome no filme. Ele mostra o tema pelo ponto de vista de quem passa fome, pura e simplesmente. Acho que esse ponto de vista é muito forte e foi ignorado”, diz.
POLÍTICA - Os políticos do Brasil serão tema de outro filme do diretor, cujo roteiro está sendo escrito pelo sociólogo Luiz Eduardo Soares, co-autor (com Rodrigo Pimentel e André Batista) de Elite da Tropa, versão literária de Tropa de Elite. Inicialmente anunciado como O Corruptólogo, o longa deverá chamar-se Nunca Antes na História deste País. Mas é provável que o próximo filme de Padilha seja uma produção hollywoodiana. Incluído em recente lista de “dez diretores a observar” da revista Variety, Padilha diz que tem recebido muitas propostas dos Estados Unidos e tem interesse em dirigir em Hollywood. “É a meca do cinema. Deve ser interessante você poder levar para o set uma tonelada de luz e refletores, não sei quantas gruas, e não ter que ficar fazendo conta. É uma espécie de parque de diversões do diretor. Eu gostaria de experimentar fazer um filme lá”, afirma. Já a produção da minissérie que daria continuação à história de Tropa de Elite não teve avanços. De acordo com Padilha, ainda não houve acordo com nenhuma das emissoras de TV interessadas no projeto. “Estamos conversando. Essa é uma coisa que tem que ser feita com calma e direito”, diz. (Folhapress)
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