
Um terço dos paraenses poderiam escapar da morte por câncer, em 2010, caso tomassem medidas básicas de prevenção da doença. O governo estadual poderia ter papel importante na redução dos casos se cumprisse seu papel de investir mais em campanhas de esclarecimento. O fumo e a dieta respondem cada um por 30 a 25% do risco de uma pessoa ter câncer.
Ou seja, optar por hábitos de vida mais saudáveis pode reduzir em até 70% as chances de desenvolver um tumor maligno. O governo poderia dar uma grande ajuda se gastasse um pouco mais em campanhas educativas. O diretor do Hospital Ophir Loyola Paulo Cardoso Soares é um dos defensores da idéia de que sai muito mais barato investir na prevenção do que tratar da doença. Ele não pode falar ontem com o Diário, porque está viajando, mas já teve a oportunidade de manifestar isso em diversas palestras. Para reduzir os custos do atendimento aos pacientes, segundo Soares, as campanhas de informação e esclarecimento seriam a melhor alternativa.
Para ele, o câncer também é conseqüência de hábitos e má alimentação. Com informações básicas, a população teria condições de prevenir o aparecimento da doença, inclusive fazendo o exame precoce, como no caso do câncer de mama e de próstata, os dois tipos que, ao lado de tumores no pulmão são os que mais matam no Pará.
A estatística é cruel: o Pará tem mais de 7 mil novos casos de câncer por ano, metade deles na cidade de Belém. A capacidade do Hospital Ophir Loyola é de atender 5.200 doentes, incluindo pacientes que vêm do vizinho Amapá. O atendimento, em 2009, piorou devido a falta de investimentos em novos equipamentos, o que obrigou o Estado a “exportar” pacientes para tratamento nos estados do Tocantins e Piauí.
Exames- Os novos casos que irão surgir poderiam ser evitados com medidas simples, mas que envolvem o grave problema da mudança radical de hábitos, coisa que milhares de paraenses relutam em fazer. Uma dessas medidas é realização de exames médicos periódicos. Nos homens, por exemplo, o câncer no testículo é o mais comum entre os 15 e 35 anos de idade.
Quando o homem completa 40 anos, o problema pode ir para a próstata, os pulmões e o intestino grosso.
Mulheres em idade fértil devem fazer o preventivo ginecológico a cada 12 meses, e, a partir dos 50 anos de idade, devem incluir também as mamografias.
A avaliação médica periódica também é importante para checar a presença de infecção pelo HPV, ou Papilomavírus Humano. Este micróbio, transmitido pelo contato sexual, pode levar ao desenvolvimento de câncer no útero ou no pênis.
>> Mais casos de câncer de mama no Pará
Os novos casos de câncer no Pará podem atingir quase 8 mil pessoas em todo Estado. A maior incidência deve acontecer entre as mulheres, com mais de 4 mil casos estimados, principalmente por causa do câncer de colo do útero. As informações fazem parte da “Estimativa 2010: Incidência de Câncer no Brasil”, documento produzido pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e elaborado a cada dois anos. O que difere o Pará dos demais estados brasileiros é que, entre as mulheres brasileiras, o câncer mais comum é o de mama. No Pará, assim como em toda a região Norte, o câncer mais incidente é o de colo do útero, devendo atingir quase 800 mulheres em todo Estado, 330 só na Capital.
Já entre os homens, a maior incidência é de câncer de próstata, com expectativa de que 700 homens desenvolvam este tipo de câncer no Estado sendo 330 em Belém. Assim como no restante do país, no Pará a expectativa é que mais mulheres desenvolvam câncer do que homens.
No Brasil, ocorrerão mais casos de câncer entre mulheres do que em homens - 52% dos casos novos (253 mil) serão registrados em mulheres e 48% (236 mil) em homens. O país terá quase 500 mil novos casos de câncer em 2010: 489.270. Os cânceres mais comuns em todas as regiões do Brasil serão o de pele não melanoma, próstata e mama feminina.
Sem considerar o câncer de pele não melanoma, nos homens, o câncer de próstata será o tumor mais comum de Norte a Sul do Brasil. O segundo tipo mais frequente de câncer será o de pulmão, seguido de cólon e reto, estômago, cavidade oral, esôfago, leucemias e pele melanoma. Entre as mulheres, os cânceres mais incidentes em todo o Brasil serão: mama, colo de útero, cólon e reto, pulmão, estômago, leucemias, cavidade oral, pele melanoma e esôfago.
O documento produzido pelo Inca é a principal ferramenta de planejamento e gestão da saúde pública na área oncológica. Fornece as informações necessárias para a elaboração das políticas públicas de saúde voltadas para o atendimento da população. A Estimativa do ano de 2010 valerá também para o ano de 2011.As localizações de câncer que são apresentadas na Estimativa foram selecionadas pela magnitude da mortalidade ou da incidência, assim como aspectos ligados ao custo e a efetividade de programas de prevenção preconizados pelo INCA.
A Estimativa revela a incidência (casos novos) dos cânceres mais frequentes entre os brasileiros: próstata, mama feminina, colo de útero, traquéia, brônquio e pulmão, estômago, cólon e reto, cavidade oral, esôfago, leucemias e pele melanoma por região, por estado e por capital. (Diário do Pará)
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