
Uma luz no fim do túnel. Assim os motoristas de transporte alternativo caracterizam o dia de paralisação. A partir de uma reunião realizada entre a categoria e o diretor superintendente da Companhia de Transportes do Município de Belém (CTBel), Alfredo Sarubby, na manhã de ontem, pode ser que o transporte alternativo seja regularizado em Belém. Quem decidiu trabalhar nesta terça-feira teve os carros parados e os pneus esvaziados.
Logo cedo, várias vans se concentraram em frente ao estádio Mangueirão, de onde saíram em carreata até o prédio da Prefeitura Municipal de Belém, no centro. Aproximadamente 350 veículos ficaram estacionados durante toda a manhã perto do Palácio Antônio Lemos. Francinaldo Barros, presidente do Sistema Integrado de Cooperativas de Transporte Alternativa de Belém (Sincotran), explica que a intenção da paralisação era mostrar para o poder público que o transporte alternativo é essencial para a população. Ele estima que cerca de 200 mil pessoas foram prejudicadas com a suspensão dos serviços.
Os principais usuários do transporte alternativo são moradores de áreas de periferia, cujo transporte público urbano não consegue atender toda a demanda. “Os ônibus comumente passam lotados, por isso prefiro o transporte alternativo, que é praticamente o mesmo preço e o conforto é um pouco maior”, comenta a estudante Maria Carolina do Rosário, que mora no conjunto Satélite.
Uma das exigências da Prefeitura Municipal para a regularização da categoria era a criação de uma empresa e um estudo de viabilidade técnica. O presidente do Sindicato explica que tudo isso foi feito e o projeto foi apresentado ontem para Alfredo Sarubby, que estava representando o prefeito de Belém, Duciomar Costa. Diante do projeto, Sarubby se comprometeu em realizar um estudo sobre o itinerário que poderia ser feito pelo transporte alternativo.
“Nós poderemos utilizar esse tipo de transporte como fonte alimentadora, ou seja, para suprir as localidades não contempladas pelo transporte regular, mas isso vai depender do estudo realizado pela CTBel”, contou o diretor superintendente da Companhia.
Para a categoria, esse foi um avanço na luta pela legalidade. “Nós estávamos tentando a regularização há aproximadamente seis anos e acredito que agora esse sonho está um pouco mais próximo”.
>> Vereadores declaram apoio a alternativos
A regulamentação foi o caminho pregado pelas bancadas do PT. PSB, DEM e PPS para solucionar o impasse dos transportes alternativos da capital, durante a sessão especial que debateu o assunto, ontem à tarde, na Câmara Municipal de Belém. A crítica de todos foi sobre a ausência de representantes do prefeito Duciomar Costa, – que se encontrava em Manaus,- e do Ministério Público do Estado (MPE).
O vereador Augusto Pantoja (PPS) voltou a fazer duras críticas a Duciomar Costa, ao afirmar que Belém tem como administrador “um animal que vive o tempo inteiro escondido em uma toca que não sabemos onde é”. Às críticas dele uniram-se as da representante da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Pará, Safira Duarte Neto. Ela lamentou as ausências e declarou o empenho da OAB na busca de soluções sobre os alternativos. “Precisamos que mais autoridades se envolvam nesta questão”, afirmou.
Para o vereador Marquinho do PT, solicitante da sessão, o transporte alternativo é fundamental para a população mais pobre da região metropolitana.
Alfredo Costa (PT) também fustigou o prefeito e a Companhia de Transportes de Belém (CTBel) por não terem comparecido à sessão. “É um desrespeito muito grande aos profissionais envolvidos e à população de Belém”, afirmou.
Ele lembrou que capitais como Fortaleza (CE) e Rio de Janeiro (RJ) resolveram o problema partindo para a solução mais óbvia: a legalização. “Por que Belém é diferente? Por que em Belém tem de haver um monopólio do sistema de transportes pelas grandes empresas?”, questionou.
Alfredo Costa também questionou o fato das empresas atuantes no transporte público de Belém serem as mesmas que durante 17 anos não pagaram impostos e tiveram essa dívida perdoada recentemente pelo prefeito.
Pelo PSB, Ademir Andrade observou que o sistema alternativo de Belém transporta diariamente em torno de 260 mil pessoas. Na opinião dele, somente esse número já seria suficiente para dar ao administrador público uma ideia da importância desse sistema para a população e limitar qualquer intenção de favorecer apenas os grandes empresários de ônibus.
“Vocês são, hoje, mais úteis à população do que o dito transporte regular”, afirmou o vereador Fernando Dourado. Para ele, assim como o transporte alternativo, a situação dos camelôs, guardadores e lavadores de carros são outras questões que continuarão “a ser empurradas com a barriga” por desinteresse do Executivo. (Diário do Pará)
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