Cinco mulheres, três foliões e a Amazônia. Poderíamos resumir, assim, o elenco de “Fundo Reyno”, que estreou na semana passada e segue em cartaz até amanhã, com sessões às 20h, no Teatro Waldemar Henrique. Na semana que vem, o espetáculo poderá ser visto nos dias 31 de março e 1o de abril, no Teatro Fundação Curro Velho, a partir das 18h30.
É a partir da Amazônia, que se constrói a trama. Para a atriz Juliana Medeiros, que interpreta uma das personagens, o espaço físico e imaginário. “Neste sentido somos os seres que vivem aqui, somos um pouco de cada mulher, homem, criança, elemento e vivência”, acredita.
Com direção de Walter Freitas, “Fundo Reyno” foi montado com o prêmio Myriam Muniz de Teatro da Funarte e conta a história de uma disputa amorosa e de poder entre pajés-sacacas. A busca pela chave do Reyno e o embate entre as personagens se torna fábula, um sonho ou um devaneio.
Para Walter Freitas, a Amazônia é o elemento fundamental da trama, “espargindo fagulhas de vida e morte, em chamas, apodrecendo tipos e recriando histórias, abrindo-se ao sol e fechando-se com a noite, vomitando Reynos dos quais só nós, seus filhos, podemos encharcar-nos, nessa ânsia de entendê-la e recontá-la para de nosso próprio ventre parir uma história que seja a dela e seja, finalmente, a nossa própria história”, diz.
Em cena, além de Juliana Medeiros, a Pajé Sacaca; estão Pauli Banhos, a viúva Zumira; e Wellingta Macêdo, a filha de Antero Denizar e Zumira (Nhá Luca e também após um feitiço, o Bicho), duas atrizes que vivem papéis masculinos.
Mônica Lima é o folião bandoleiro, e Andréa Rocha interpreta Antero Denizar. Do universo masculino vêm, ainda, os foliões Akel Fares, o rabequeiro da folia, e o próprio Walter Freitas, que atua como um folião violeiro.
Para Juliana, foi um prazer viver a pajé, que foi inspirada em uma mulher real. “A pajé na qual o Walter se inspirou para fazer a Dona Venina era uma mulher forte e grande como eu. Em todo o processo, ele foi muito claro no que ela é e no que ele queria ter em cena. Não foi fácil, tive muito trabalho e ainda acho que preciso ser mais clara e precisa em determinados momentos. Essa é a graça de ser ator: compor um ser, nos pequenos detalhes. Criar um filho, vê-lo crescer”, diz.
A dualidade está em cena, no jogo da áurea feminina e na força do masculino; na maldade de Zumira ou na falsa/verdadeira bondade de Nhá Luca, além de confundir um tanto o espectador quando ouve ora textos rimados e, em vários momentos, falados em uma língua estranha, ou esquecida, o Nheengatu. É tudo isso que vai se desenvolvendo frente ao espectador.
Para ser montado, o espetáculo contou com produção de Cristina Costa, cenário e figurinos de Maurício Franco, design de luz de Tiago Ferradaes e assistência de direção de Pauli Banhos. Walter Freitas assina música, direção musical, dramaturgia e direção geral.
Serviço
Espetáculo “Fundo Reyno”. Hoje e amanhã, às 20h, no Teatro Waldemar Henrique, na Praça da República. Ingressos a R$ 10 com meia-entrada para estudantes. Informações: 8110-5245 / 8134-7719. (Diário do Pará)
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