
Uribe enfrenta seu maior desafio
COLÔMBIA Crise com o Equador no caso Farc pode comprometer planos de um terceiro mandato
Apoiado pela maioria dos colombianos, duramente criticado por alguns pelo estilo centralizador e pela inflexibilidade, o presidente Alvaro Uribe enfrenta agora seu maior desafio à frente do país. Com popularidade em torno dos 80%, foi eleito e reeleito prometendo derrotar a guerrilha. Curiosamente, seu principal sucesso até agora — a morte de Raúl Reyes, o número 2 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), na selva equatoriana — deflagrou a maior crise que já enfrentou e que pode comprometer planos de um terceiro mandato.
Político de direita, Uribe conquistou o apoio dos colombianos com uma ofensiva contra a guerrilha, num país cansado de seqüestros e confrontos. Apesar da morte de figuras importantes das Farc, como o próprio Reyes e Ivan Ríos, nos últimos dias, centenas de pessoas continuam reféns na selva e o conflito já extrapola as fronteiras. Muitos vêem nisso uma obsessão, já que seu pai foi assassinado pela guerrilha em 1983, em Antioquia.
“ A intenção não era atacar o Equador, mas pegar o guerrilheiro. O erro foi não comunicar Quito”, diz Marco Romero, professor . “Foi uma decisão unilateral. Ele deu prioridade à captura, ao resultado. É um governo obcecado com a captura dos líderes das Farc.”
Uma das críticas é que Uribe teria sido mais benevolente com os paramilitares e adotado uma linha-dura contra a guerrilha. Essa diferença de tratamento teria gerado divisões também na sociedade colombiana, daí a realização de duas marchas recentemente: uma em solidariedade as vítimas das Farc e outra, na quinta-feira, para as vítimas dos paramilitares.
Para o colunista do “El Tiempo” Francisco Leal Buitrago, a polarização foi uma das ferramentas usadas por Uribe para garantir sua popularidade, lançando mão de um discurso de que “quem não está a favor dele, está contra a pátria”. Além disso, acha que seu estilo personalista de governar não ajuda ao fortalecimento dos muitos partidos que surgiram após o fim do bipartidarismo, no início da década.
“ Seu estilo caudilista não dá possibilidade de os partidos se fortalecerem, tira força deles, das instituições. É um estilo ‘as instituições são o presidente’”, comenta Leal, que critica ainda um descaso com as relações internacionais.
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